Pernambuco

Homem não consegue inscrição no CadÚnico mesmo dormindo na rua, no Recife

A Central do Cadastro Único (CadÚnico) do Recife mudou de endereço para ampliar o atendimento à população após registro de longas filas. Mesmo assim, há quem fique mais de 24 horas para conseguir uma ficha e, mesmo assim, saia com a notícia de que vai ter de esperar mais de um mês pela resposta do benefício ou que vai precisar voltar de novo, como Ismael da Silva.

g1 mostrou, na quarta-feira (27), que Ismael da Silva, desempregado e com dois filhos, arrumou um papelão para dormir na rua, já que não tinha conseguido ficha para ser atendido, mesmo chegando às 5h30. Nesta quinta-feira (28), por volta das 6h50, ele conseguiu a ficha de número 21 após passar a noite na rua e ver o papelão derreter na chuva.

A alegria de conseguir o papel, “mesmo que amassadinho”, como disse, durou pouco. Ao entrar para a triagem, ele descobriu que não estava com a documentação correta: tinha levado apenas as cópias e era necessário apresentar os originais.

“Ele pediu documento original, só que eu deixei em casa. O pessoal que comanda disse que não pode aceitar. Mandou ir embora e agendar para amanhã às 8h. […] Vou ficar nessa mesmo, fazer o que? Passar outra noite no relento, na chuva?”, disse Ismael, que já tinha dormido na rua por não ter como pagar outras duas passagens.

Cópias de documentos trazidos por Ismael da Silva — Foto: Reprodução/TV Globo

No caso de Jasiel Silva, mesmo tendo a documentação correta, dormir na fila não adiantou por outro motivo: a mulher dele já era cadastrada e a inscrição é única por família. Os dois trabalham apenas fazendo bico e, segundo Jasiel, o prazo dado é até 2024 para ter a resposta.

“Eu fico um pouco triste por não conseguir me cadastrar. Infelizmente, agora é procurar um trabalho para poder manter a casa e a família e esperar o auxílio da minha esposa sair, que ainda está em análise”, lamentou Jasiel.

Moradora da comunidade Nova Morada, na Caxangá, na Zona Oeste do Recife, a desempregada Maria da Conceição Silva foi outra que dormiu na rua em busca de atendimento. Para conseguir a ficha de número dois nesta quinta-feira (28), ela chegou ao local às 5h da quarta (27).

Assim como Ismael, ela tinha apenas o dinheiro de uma passagem. A sorte, contou, foi a solidariedade de outras pessoas durante a madrugada.

“Veio muita doação a noite, uns carros paravam após ver as reportagens. Se sair da fila, perde a vez ou dá confusão. E muito frio, ainda estou. Faz mais de 24 horas que eu estou aqui. É uma falta de respeito”, disse Conceição antes de conseguir ser atendida.

Fonte: G1 Pernambuco

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