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A comunicação e o mito da caverna

As principais contribuições gregas para os primeiros estudos da comunicação foram de Platão e Aristóteles. No livro VII da obra A República,Platão (427 – 327 a.C.) apresenta o Mito da Caverna. Trata-se da história de prisioneiros que viviam dentro de uma caverna. Tudo o que conheciam do
mundo eram apenas as sombras do que se passava atrás deles, na entrada da “morada”. Assim, não conheciam a vida como quem estava livre e sob a luz. Um dia, um dos prisioneiros é liberto, vê o mundo fora da caverna, se impressiona e volta para contar aos amigos. Mas estes não o entendem e enxergam o ex-prisioneiro como mais uma sombra deformada (HOHLFELDT, 2013).

Assista o vídeo:


Por meio do exemplo do Mito da Caverna, você pode perceber que Platão
refletiu com profundidade sobre a comunicação, mas dentro de uma perspectiva negativa. Platão acreditava que havia um Mundo das Ideias, das essências, que antecedia a materialidade. Para ele, quando o ser humano recebia um corpo, guardava apenas um fragmento desse outro mundo. A caverna seria então uma referência ao corpo, e as sombras na parede seriam metáforas dos objetos
materiais. De acordo com essa perspectiva, o acesso ao conhecimento seria dificílimo para a maioria das pessoas, com exceção dos filósofos (estes, devido à sapiência extraordinária, deveriam inclusive administrar a sociedade). A partir daí, Platão pode levar você a refletir sobre a impossibilidade da comunicação.


Já para Aristóteles (384 – 322 a.C.), que foi discípulo de Platão, a comunicação é, sim, possível. Em Retórica, ele aborda os discursos – aquilo que
diz respeito a alguma coisa. Segundo Aristóteles, o ser humano é um animal social, um ser coletivo, e não uma individualidade. Vivendo socialmente, o ser humano usa a razão, traduzida em linguagem. Além disso, para viver bem e feliz no grupo, ele precisa da retórica. Esta é o conhecimento dos meios e estratégias para alcançar a persuasão. Na situação da retórica, três elementos estão presentes: o que fala, aquilo de que fala e aquele a quem fala. Assim, Aristóteles foi o primeiro a formular a
situação comunicativa. Ele também aborda três gêneros de discursos oratórios: deliberativo, judiciário e demonstrativo. No primeiro caso, que trata sobre o futuro, se aconselha ou se desaconselha algo. No segundo caso, voltado para o passado, uma ação judiciária comporta a acusação e a defesa. E o terceiro caso, referente ao presente, comporta duas partes, o elogio e a censura. O modelo pioneiro na contemporaneidade da Teoria da Comunicação, de
Harold D. Lasswell, tem muito do trabalho de Aristóteles (HOHLFELDT,
2013).

Observe:

Aristóteles – a pessoa que fala → o assunto → a pessoa a quem fala
H.D. Lasswell – emissor (fonte) → mensagem → receptor

A diferença entre as duas teorias é que Lasswell acrescentou “em que canal e com que efeitos” ao processo comunicacional. Por outro lado, Aristóteles tratou da questão dialógica do processo ao refletir sobre os gêneros citados. Nesse sentido, a pessoa que fala espera uma resposta do outro ou quer convencê-lo de algo.

Blog Tenório Cavalcanti
Fonte: Teorias da Comunicação

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