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7 tipos de Mangues em São José “a terra das piscinas naturais”

No mundo conhecidas 44 espécies de mangues, entretanto no Brasil somente encontram-se 7. Em Abreu e Varzea do Una, distritos de São José da Coroa Grande, são encontrados os 7 tipos de Mangues.

As espécies mais comuns são mangue vermelho, preto e o branco. Em algumas regiões também são encontradas o mangue-de-botão (Conocarpus erectus), avencão (Acrostichum aureum) e algodoeiro-da-praia (Hibiscus pernambucenis), além de bugi e canoé. Outras espécies crescem sobre o mangue, denominadas de epífitas, compostas por liquens, musgos, bromélias, samambaias e cactos. Nota-se que a maior densidade das espécies de mangue vermelho e preto se deve à alta fecundidade.
Os mangues são espécies halófilas ( se adaptam bem à água salgada ), heliófilas ( necessitam de luz do sol ) e vivíparas, quando as sementes somente caem após o desenvolvimento, conhecidas como propágulos, que podem flutuar pelo estuário por longos períodos, até se fixar em um local adequado, quando são denominados de plântula.

Assista o vídeo do nosso passeio com os pescadores:

Mangue vermelho
( Rhizophora mangle, Rhizophora racemosa e Rhizophora harrisonii ), conhecido como verdadeiro, bravo, sapateiro ou gaiteiro, tem raízes-escora ou rizóforos, que dão estabilidade e raízes adventícias, que brotam de troncos e galhos em forma de arco para o substrato. Quando raspado, mostram uma tonalidade avermelhada. Se adaptam bem às águas com salinidade de 50%0 e tem área média de dispersão de 35%. É muito utilizado para a confecção de lastros de camas, cercas e cobertura de palhoças e casas, assim como na curtição de couro e adição em barro para fabricação de utensílios. Somente a espécie Rizhophora mangle é encontrada do Oiapoque à Santa Catarina, sendo as demais restritas à região norte ( Schaeffer-Novelli,1999 )

Mangue preto
( Avicennia germinans e Avicennia shaueriana ), conhecido como sereíba ou siriúba, tem raízes horizontais e radiais, de onde surgem os pneumatóforos, que crescem verticalmente para propiciar melhor condição de respiração às plantas. O tronco tem uma tonalidade castanho-clara e quando raspado tem uma tonalidade amarelada, as folhas são esbranquiçadas na parte inferior e dão frutos com geometria assimétrica. Se adaptam bem às águas de salinidade até 90%0 e tem área de dispersão média de 10%

Mangue branco
( Laguncularia racemosa ), conhecido como tinteira ou manso, possui glândulas chamadas de nectárias junto à base de cada folha e tem raízes horizontais e radias com pneumatóforos. Se adaptam bem a águas de salinidade intermediária e tem área de dispersão de 5%. Frutifica com abundância e os frutos realçam mais que a folhagem

Fauna

A fauna dos manguezais é variada e não exclusiva do ecossistema, tendo capacidade de filtrar e expelir o sal, estando adaptadas às flutuações de marés e sendo classificados em:

• Sésseis ( necessitam de substrato para fixação ): ostras, sururus, taiobas, cracas, unhas-de-velho
• Arborículas ( vivem sobre troncos e galhos ): aratús-de-mangue, caranguejos-marinheiro.
• Rastejadores ( vivem sobre troncos e galhos ): caramujo-do-mangue,
• Escavadores ( vivem enterrados ou em galerias ): caranguejo-chama-maré, caranguejo-uçá, guaiamuns
• Voadores: insetos, aves, garças, 3 cocos.
• Natantes: bagres, saunas, carapebas, baiacus, tainhas, cascudos, manjubas, carapebas, agulhas
• Oportunistas ( buscam alimento ): cobras, jacarés, golfinhos, tubarões, peixe-boi-marinho, guaxinins, sagüis

Caranguejo-uçá ( Ucides cordatus )

O caranguejo é uma das espécies características de manguezais, sendo citada como exemplo para demonstrar a vida neste ambiente.
As andadas ocorrem cinco dias por mês durante os meses de janeiro a abril, quando machos e fêmeas saem das tocas para se reproduzirem. Antes da primeira andada, que se dá na primeira lua do ano, seja nova ou cheia e as andadas subseqüentes sempre na mesma lua, os animais espumam demonstrando a fase de cio. Até maio todas as fêmeas terão desovado.
A fase larval demora dois meses e depois vão para a lama. No inverno os adultos se entocam para engordar. Uma vez por ano, na primavera trocam o exoesqueleto ( carapaça ), quando secretam um líquido branco e em outubro e novembro os caranguejos engordam. As fêmeas carregam os ovos aderidos às cerdas do abdomem até a eclosão
Não é permitida a captura das fêmeas nem machos com carapaça menor que 5 cm, tamanho que identifica a fase adulta nem os caranguejos no período de reprodução.
O caranguejo-uçá, que constrói galerias que podem atingir até 1,5 metros, contribuindo para a oxigenação dos manguezais, tendo nas folhas o alimento preferido.

Aspectos Econômico e sociais

Os manguezais servem de subsistência para a população das regiões do entorno, de onde tiram o sustento catando espécies como caranguejos, guaiamuns, siris, aratus, ostras e sururus, para alimentação ou venda em geralmente em comunidades vizinhas. 
A utilização dos manguezais deve ser feita de forma sustentável, através de uma forma adequada de manejo, pois trata-se de um ecossistema de fundamental importância para a vida marinha. Aliás, estima-se que cerca de 60% dos organismos pescados provém de estuários de manguezais
Mas a poluição por diversas formas de contaminantes, a devastação por desmatamentos e aterros e a prática da pesca predatória tem causado sérios danos aos manguezais, tornado cada vez menor a produtividade e mais difícil a captura das espécies.

Impactos Ambientais

Consideram-se impactos ambientais as alterações no meio ambiente causadas por atividades naturais ou antrópicas ( causadas pelo homem ).
Os manguezais são muito vulneráveis às alterações, por se encontrarem em áreas litorâneas, onde existe a maior concentração populacional e atividades econômicas. 
Os fatores que mais interferem no meio ambiente estão o desmatamento de mangues, para a construção de casas, cercas, camas e lenha, ou objetivando a construção estradas, portos, marinas e tanques para viveiros de camarões.
Os despejos de lixo urbano e industrial, o carreamento de resíduos de pesticidas e fertilizantes utilizados em lavouras e as descargas de águas servidas oriundas da carcinocultura, tem contribuído significativamente para a destruição e contaminação dos manguezais

Pesca Predatória

É nociva para todos os ecossistemas e em especial aos estuários e manguezais, sendo praticada em variados graus de intensidade. Os apetrechos e produtos mais utilizados na pesca predatória são:

• Bombas: que causam a morte por compressão de inúmeras espécies de variados tamanhos
• Redes de malha fina: que capturam espécies minúsculas e outras em processo de extinção
• Redinhas e laços: que aprisionam caranguejos fêmeas ou em idade ainda não reprodutiva
• Carrapaticida: que contamina a área, as espécies e a cadeia alimentar, inclusive o homem.

Carcinocultura

A criação de camarões em áreas próximas de manguezais se constitui em elevado risco ao ecossistema. Transformam a paisagem, avançam sobre os manguezais, captam água limpa dos estuários e devolvem água servida contendo matéria orgânica e elementos químicos nocivos às espécies nativas, em especial com relação à transmissão de doenças, modificando a base da cadeia alimentar e o equilíbrio do ecossistema.

Despejos

Os manguezais sofrem a ação predadora decorrente dos despejos domésticos e industriais, compostos por detergente, vinhoto, herbicidas e metais pesados, por exemplo, causando a morte das espécies. O problema se torna mais grave em épocas de seca, quando o volume dos despejos é maior que a capacidade de diluição e absorção do rio ou estuário.
Há de se considerar a grande contribuição à poluição dos despejos de resíduos sólidos contidos em lixos urbano, industrial e até dos serviços de saúde.

Proteção

As indústrias localizadas próximas de manguezais devem possuir barreiras de contenção secundárias em reservatórios de produtos químicos e estações de tratamento de efluentes, visando bloquear vazamentos e derramamentos.
Outras medidas de proteção devem ser observadas quanto ao despejo de efluente industrial e sanitário, em estado bruto, que causa impacto em variados graus de intensidade.

Remediação

A recuperação das áreas de manguezais representa alto custo, grande dificuldade e elevado tempo, ressaltando-se que, em muitas vezes, os danos são irremediáveis.
As principais variáveis que devem ser consideradas para o estudo e projeto de remediação são:
Sensibilidade, vulnerabilidade, susceptibilidade ambiental, hidrodinâmica estuarina ( ventos, ondas, marés ), geoqímica do meio físico ( água superficial, água subterânea, solo, sedimento, vegetação, geologia, biologia aquática, fluxo de descontaminação.
Como exemplo, a remediação das áreas atingidas por derramamentos de derivados de petróleo é uma tarefa complexa, em virtude do tipo dos contaminantes, das condições anaeróbicas do substrato do solo, das dificuldades no acesso e capacidade de diluição dos nutrientes, em decorrência das oscilações de marés.

Principais processos utilizados para remediação ambiental

• Mecânicos: Barreira de contenção, absorvedores, recolhedor mecânico
• Químicos: Aglutinadores, gelatinantes, oxidantes
• Biológicos : Bioremediação
• Remediação: Jateamento, remoção física, controle de fontes, 
• Disposição: Aterros sanitários, refinarias, fornos, incinaradores, depósito temporário

Fonte: Museu do Una

Atualização: Tenório Cavalcanti

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