Dicas para que pais e mães saibam como lidar quando crianças rejeitam comidas ou se recusam a se alimentar
Por Helen Mavichian*
“Meu filho(a) não quer comer, e agora?”. Essa é uma preocupação que todos os pais e responsáveis vivenciam em algum momento, em especial nos primeiros anos de vida das crianças. É comum ocorrerem fases em que as refeições se convertem em um momento difícil, alguns rejeitam alimentos, outros não comem tudo e assim por diante. A angústia dos pais, em geral, vem do cuidado de saber que, quando não se alimentam corretamente podem ter diversos problemas de saúde.
Se as crianças não fazem as refeições corretamente podem haver realmente muitas consequências no crescimento e desenvolvimento, não só físico, mas também intelectual e emocional. Uma nutrição saudável, sem dúvida, auxilia na imunidade e na prevenção de possíveis doenças, sendo essencial para constituir uma vida com qualidade em todos os aspectos. Uma criança com uma boa alimentação rende mais, tem mais energia para brincar e avanços na aprendizagem.
Há muitos motivos que fazem com que essa situação aconteça e é importante prestar atenção também como se dão as refeições em família. Desde a recusa para experimentar novos alimentos, o desinteresse pelo momento das refeições e até mesmo atitudes consideradas inadequadas durante as refeições precisam ser observadas pelos pais. Às vezes, a questão não diz respeito aos alimentos que estão sendo oferecidos, mas sim ao contexto em que as refeições ocorrem.
Com isso, vale a pena pensar em estratégias e formas de reverter esse cenário tão complexo e angustiante na rotina de pais e mães. Preparam uma refeição e a criança se nega a comer, faz birra e até mesmo atira a comida no chão? Sei bem como é complicado – tenho dois filhos ainda na primeira infância, mas cabe a nós adultos fazermos o possível para nos mantermos calmos, afinal perder o controle não irá resolver nada.
Em primeiro lugar, sugiro conhecer as preferências e o apetite da criança, que não necessariamente irá gostar e querer tudo o que os pais oferecem logo de primeira. Por isso, pode ser bacana testar formas diferentes de dar o mesmo alimento, dar um intervalo de alguns dias e, após esse tempo, voltar a oferecer o alimento rejeitado, alterar a forma de preparo ou até substituí-lo por outro que forneça os mesmos nutrientes e vitaminas.
Deixar seu filho tocar nos alimentos pode ser interessante também. À princípio isso pode parecer besteira, porém, é necessário que a criança tenha contato com a comida. Permitir que use o tato para sentir a textura talvez estimule a curiosidade e vontade de levar à boca. É indicado também que a criança se envolva no processo de preparação do alimento e da sua própria comida. Pergunte qual é o alimento que mais aprecia ou gostou de comer. Envolva-o com o ritual dos almoços e jantares da família, pois isso irá gerar maior interesse no momento de estar à mesa.
Agora, uma dica de ouro: para que a hora das refeições seja bem sucedida com as crianças, ela precisa ser realmente especial para encantá-la e envolvê-la, com aquela sensação de querer repetir esse momento agradável todos os dias. É um momento que requer atenção plena de todos os presentes. Para que seja assim, é importante evitar distrações como celulares, televisão e demais dispositivos eletrônicos, além de manter uma rotina de horário e ambiente. Converse com a criança, busque perceber como ela se sente em relação aos alimentos e lembre-se que, muitas vezes, alguns comportamentos das crianças são apenas uma forma que encontram para expressar sentimentos por não saberem transformá-los em palavras. Se necessário, procure ajuda de um terapeuta para apoiar nesse momento, mas, por experiência, posso dizer, aos poucos essa frustração vai se amenizando e a comunicação se torna mais simples.
* Helen Mavichian é psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É graduada em Psicologia, com especialização em Psicopedagogia. Pesquisadora do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui experiência na área de Psicologia, com ênfase em neuropsicologia e avaliação de leitura e escrita. Mais informações em https://helenpsicologa.com.br/