
O que começou como uma simples oficina de artes plásticas virou um divisor de águas na vida de adolescentes e famílias inteiras em Glória do Goitá, na Zona da Mata de Pernambuco. A exposição “Olhares Rurais: Memórias e Transformações do Campo”, que estreou em abril no Centro Cultural Mestre José Lopes, foi prorrogada até o dia 29 de agosto, graças ao sucesso de público e ao impacto que vem gerando na comunidade local.
Com 28 obras assinadas por 13 jovens artistas, com idades entre 12 e 16 anos, a mostra vai muito além de quadros pendurados na parede. As telas revelam a identidade, a cultura e as transformações das comunidades rurais do município, retratando desde cenas do trabalho no campo até paisagens, festas populares e símbolos da vida no interior.
“Esses meninos e meninas descobriram na arte uma maneira de se expressar, de se reconhecer e de se enxergar como parte de algo maior. Eles não pintaram só quadros. Pintaram as próprias histórias, suas famílias, suas raízes. E isso é muito poderoso”, destaca o curador da mostra, o artista e educador Wemisson Araújo.
Os jovens fazem parte do grupo Paleta Coletiva, formado nas oficinas de arte promovidas pela ONG Giral, que há 18 anos desenvolve projetos de formação, cidadania e geração de renda na região. O impacto é visível não só nos traços e nas cores das telas, mas também na autoestima dos alunos e no orgulho que brota das famílias que, muitas vezes, nunca haviam pisado em um espaço cultural.
“Para muita gente aqui, é a primeira vez que entram em um centro cultural, que veem uma exposição de arte. E mais bonito ainda: é para ver obras feitas pelos próprios filhos, sobrinhos, vizinhos. Isso muda tudo. Muda como se olham e como olham para o próprio território”, enfatiza Gilvanildo Ferreira, secretário adjunto de Cultura, Turismo e Esporte de Glória do Goitá.
A repercussão surpreendeu até os organizadores. Desde a abertura, a exposição atraiu escolas, professores, famílias e visitantes de várias comunidades da cidade e de municípios vizinhos. “Isso só comprova o quanto a arte consegue educar, transformar e criar pontes entre cultura, memória e futuro. É um espaço onde as pessoas se reconhecem, se emocionam e se sentem parte da história que está sendo contada ali”, reflete Wemisson.
Além da força simbólica, a exposição também marca um momento histórico para a cidade. “É a primeira exposição artística realizada no Centro Cultural Mestre José Lopes. E a prorrogação até agosto permite que ela dialogue com todo o nosso calendário cultural, como as festas juninas, a comemoração da emancipação política e a Festa de Nossa Senhora da Glória. É arte dialogando com tradição”, acrescenta Gilvanildo.
A mostra faz parte do projeto Educação e Vivências Inclusivas, uma realização da ONG Giral, com apoio do Programa Amigo de Valor, do Santander, e reafirma o papel da cultura como ferramenta de transformação social, especialmente em territórios rurais, onde o acesso à arte ainda é um desafio.
Serviço:
📍 Exposição “Olhares Rurais: Memórias e Transformações do Campo”
📅 Até 29 de agosto
🕘 Segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 16h
📌 Centro Cultural Mestre José Lopes – Rua Senador Vigário de Carvalho, Centro, Glória do Goitá (PE)
🎟️ Entrada gratuita.