As diretoras da Tendências Consultoria reforçam que, apesar dos avanços, a igualdade de gênero ainda é um ponto a ser melhorado nas empresas brasileiras
O relatório sobre paridade de gênero do Fórum Econômico Mundial, divulgado em 2021, trouxe um dado preocupante no que se refere ao tempo necessário para que o mundo se torne mais igualitário para as mulheres. No documento, a previsão é que só iremos alcançar a igualdade de gênero globalmente em 135,6 anos.
Ainda segundo o estudo, quando se trata de mulheres em posições de liderança, a situação é ainda mais alarmante, uma vez que, se considerarmos a paridade financeira e o ritmo atual dos avanços na área, só existirá igualdade entre os gêneros em 267,6 anos.
Mas a valorização da diversidade no mercado de trabalho vem ganhando cada vez mais espaço nos últimos tempos, movimentando as empresas no sentido de garantir maior presença de grupos minoritários, o que inclui as mulheres. Não é para menos: de acordo com o estudo “A diversidade como alavanca de performance”, da McKinsey, empresas com diversidade de gênero faturam 21% a mais em comparação com outras do mesmo segmento que não valorizam essa questão em seus quadros corporativos.
Reconhecendo a importância de ter equipes plurais, a Tendências Consultoria, que é uma referência nacional em economia – setor historicamente masculino –, possui um quadro de profissionais bastante equilibrado, com 49% de mulheres e 51% de homens. Além disso, a empresa tem uma diretoria que atua focada em fortalecer a composição de equipes multidisciplinares, com a presença igualitária de mulheres e homens.
Neste Mês da Mulher, queremos ressaltar a importância da igualdade de gênero nos diferentes segmentos econômicos e, principalmente, na liderança das empresas, já que, segundo as diretoras da Tendências Consultoria, ainda é muito difícil encontrar mulheres no comando e participando como especialistas em eventos e outras iniciativas dos diferentes setores.
Para Denise de Pasqual, economista, diretora de Relações Institucionais e sócia-fundadora da Tendências Consultoria, o mercado tem conseguido avançar quando se trata da presença de mulheres em postos de liderança, mas é preciso evoluir ainda mais. “Quando me formei, a composição entre os gêneros no meu curso já era mais equilibrada. Porém, no mercado de trabalho, ainda víamos uma presença majoritariamente masculina. Atuando como principal elo de contato entre o cliente e a consultoria, ocorreram alguns episódios em que o cliente me perguntou se a reunião seria liderada por mim mesma ou por outro economista (homem) da consultoria. Mas hoje já observamos mudanças. Inclusive, em algumas reuniões com clientes, já vivenciei praticamente toda a sala ser composta por mulheres, ou então termos pelo menos duas ou três líderes do sexo feminino”, conta.
Já quando o tema é a equidade salarial, Denise tem algumas ressalvas. “Na minha opinião, esse ponto precisa ser melhorado urgentemente, pois, para um mesmo cargo, ainda existem mulheres ganhando menos do que homens. Acredito que esse cenário pode mudar a partir do aumento do número de mulheres em postos de liderança, mas é preciso acelerar esse processo, pois temos um caminho longo a percorrer.”
Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências, vê com muita alegria a presença feminina aumentando no setor de economia, principalmente em altos cargos. Com uma trajetória profissional iniciada na Bolsa de Valores de São Paulo, reduto predominantemente masculino, a especialista contou com um pouco de “sorte”, já que tinha uma diretora mulher e isso, inevitavelmente, é o primeiro passo para a valorização das profissionais nas empresas. “O aumento na procura de cursos de Economia por mulheres já é um avanço. Outro ponto positivo é que muitas profissionais passaram a se organizar com o objetivo de debater a presença feminina nas empresas, trocar experiências e atuar para reduzir as desigualdades. Na Tendências também temos uma importante evolução. Minha área (Macroeconomia), por exemplo, é formada atualmente por 40% de mulheres e 60% de homens”, diz.
Para Alessandra, dentro da temática de igualdade de gênero, o que precisa ser melhorado é a presença de mulheres em cargos de liderança e nos Conselhos Administrativos das empresas. “Hoje, muitas organizações se apoiam no discurso de que não existem mulheres com as qualificações específicas necessárias para assumir essas posições. É preciso acabar com essa narrativa. Isso não se mostra verdadeiro na maior parte dos casos. Pela minha experiência como líder, se eu tenho o currículo de um homem e de uma mulher com a mesma capacidade técnica, o que me impede de contratá-la ou promovê-la? A diversidade nas empresas é muito importante, e as mulheres têm elevada capacidade de entrega, foco e comprometimento. Precisamos de maior equilíbrio nessa composição, pois é isso que potencializará o crescimento das empresas. A diversidade facilita a ampliação e a disseminação de conhecimento, de novas culturas, vivências e experiências, a construção de perspectivas diferentes e é a soma de tudo isso que gera resultados melhores para todas as empresas.”