Mais de 71 mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas e 128 morreram no desastre causado pelas chuvas no Grande Recife. Mais de uma semana após terem as casas destruídas e de perderem parentes e amigos, os moradores dos locais atingidos ainda não sabem como vão recomeçar a vida, sem recursos e sem a presença de quem foi soterrado pela lama.
Jardim Monte Verde, que fica no limite entre o Recife e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, foi a área mais crítica. No local, morreram mais de 20 pessoas no dia 28 de maio. Na comunidade, o que restou foi o rastro de destruição, o barro e o trauma dos moradores.
Uma mulher identificada apenas como Rose é da família em que 11 pessoas morreram após um dos deslizamentos. Ela disse que, além do luto, precisa viver o medo, num lugar onde só se vê tristeza. Os familiares que tiveram as casas destruídas estão na casa dela e de outra parente. Enquanto alguns dormem, outros ficam acordados vigiando a barreira para o caso de novos deslizamentos. Além disso, segundo Rose, ocorrem saques ao que restou.
Sobre os saques, a Polícia Militar afirmou que reforçou o policiamento com rondas no local e disse que, caso moradores tomem conhecimento de arrombamentos, acionem a polícia pelo telefone 190, além de formalizar a queixa junto à Polícia Civil.
“Qualquer batida a gente tem medo, pensa que é barreira arreando e ainda tem o povo saqueando as casas, arrombando, para levar o que sobrou dos moradores. Estamos vivendo em pânico, a gente não dorme direito, a gente não come direito, é um desespero total”, disse.