Especialista em comportamento mostra como a saúde mental abalada pode influenciar negativamente na data, despertando gatilhos
Com a Páscoa se aproximando, os consumidores vão às compras em busca dos tradicionais ovos de chocolate, alimentos para a ceia de Páscoa e outros presentes, e com isso, muitos gatilhos podem ser ativados como: compensação emocional, compulsão por compras ou até substituição de presença por chocolates. Rebeca Toyama, especialista em comportamento e tendências, faz um alerta para a data e mostra que a saúde mental em dia traz inúmeros benefícios, além de também afastar a ansiedade, a culpa e o estresse financeiro.
A Páscoa de 2023 será um pouco mais ‘salgada’ pela forte alta do preço dos alimentos neste ano. Um levantamento da FecomercioSP, aponta uma alta média acima da inflação para serviços e produtos ligados à data. Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens,Serviço e Turismo), o chocolate ficou 13,9% mais caro nos últimos 12 meses, e entre fevereiro de 2022 e fevereiro deste ano, a inflação foi de 6,66%. Isso significa que o chocolate dobrou de preço em relação à inflação oficial.
E ainda se tem o agravante da inadimplência e do endividamento das famílias que só vem aumentando e, em contrapartida, a intenção de consumo da população cresceu 0,8% em março e atingiu 96,7 pontos, o maior nível desde março de 2020, segundo o indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF).
“É assustador ver os índices citados acima. E isso merece uma boa reflexão, pois precisamos identificar os motivadores desses comportamentos: como o estresse, a culpa pela falta de presença junto a pessoas queridas ou ainda compensação pela falta de qualidade de vida. Mas gastar sem planejamento, além de não resolver os incômodos, vai gerar mais ausência de bem-estar financeiro e isso vira um ciclo sem fim. É Importante ressaltar que parcelar bens de consumo nunca é bom” comenta Rebeca Toyama, especialista em comportamento e tendências.
Distúrbio financeiro e emocional
Segundo a especialista, quando se fala sobre distúrbio financeiro, destacamos os padrões persistentes, previsíveis e frequentemente rígidos de comportamentos prejudiciais relacionados ao dinheiro, onde trazem estresse, ansiedade e sofrimento emocional que impactam em várias áreas da vida.
“As pessoas que sofrem de distúrbio financeiro, em sua grande maioria, sabem o que precisam modificar, mas não conseguem mudar o comportamento, portanto, é necessário ajuda de um profissional. Compras compulsivas ou até a substituição de presença por bens, como o chocolate nesta Páscoa, são comportamentos que precisam ser revisados e observados, pois isso não é brincadeira” alerta, Toyama.
Já os distúrbios emocionais, podem trazer consigo a troca da emoção por bens materiais ou até a compensação por comida, e neste caso, chocolate. Segundo Rebeca, por não terem inteligência emocional bem desenvolvida, essas pessoas acabam substituindo as emoções por guloseimas ou por compras.
Ou até mesmo, a substituição de presença por chocolates, que neste caso, por conta da correria do cotidiano e a falta de tempo de qualidade, vem a culpa. “É a sensação de dever algo para uma pessoa querida, e com a culpa a gente toma atitudes irracionais na aquisição de outras coisas, como se o ovo de Páscoa fosse um pedido de perdão pela culpa por estar tão ausente”, revela Rebeca.
Por isso é necessário o cuidado com a saúde mental. É olhar com atenção alguns atos do dia a dia, e quando necessário e não conseguir sozinho, procurar a ajuda de um profissional. A saúde mental impacta na vida pessoal, profissional e financeira.
A especialista em comportamento e tendências, Rebeca Toyama, preparou 4 principais dicas para ter um consumo consciente e se afastar dos distúrbios emocionais e financeiros nesta Páscoa de 2023.
1- Reúna a família e aproveite a data para resgatar a essência da Páscoa, que muitas vezes fica resumida aos aspectos comerciais;
2- Experiências podem ser mais memoráveis que um ovo de chocolate, seja criativo ao presentear;
3- Aproveite a data para praticar o consumo consciente, além de se perguntar se realmente precisa comprar, não caia na tentação de parcelar em 10 vezes, algo que será consumido em poucas horas;
4- Ensine educação financeira para as crianças, mostrando a diferença entre o preço do chocolate em barra e o ovo de Páscoa.
Sobre Rebeca Toyama
Rebeca Toyama Msc é porta-voz da ODS 8 (trabalho decente e crescimento econômico) do Programa Liderança com ImPacto da ONU, fundadora da ACI – Academia de Competências Integrativas, uma empresa signatária do Pacto Global da ONU e participante do Movimento Mente em Foco promovido pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU.
Mestre em Psicologia Clínica e Administradora. Especialista em liderança, carreira e tendência do mundo do trabalho. Atua há 20 anos como palestrante, mentora e coach