O Barão de Lucena “presidente da província de Pernambuco”.
Nascido em Limoeiro em 1835, Henrique Pereira de Lucena concluiu seus estudos no Imperial Colégio de Pedro II, no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. De volta a Pernambuco em 1853 ingressa na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1858.
Henrique Lucena iniciou sua vida profissional como delegado de polícia na capital pernambucana e se notabilizou após participar de movimentos que pacificaram Ouricuri, onde facções lutavam pelo poder local, então tornou-se juiz municipal de Goiana, na região da Mata Norte ficando no posto até 1869.
Lucena ainda foi nomeado para as comarcas de Teixeira (PB), Palmares e Jaboatão dos Guararapes até 1872, quando foi nomeado presidente da província do Rio Grande do Norte, e em 5 de novembro do mesmo ano foi nomeado presidente da província de Pernambuco, ficando no posto até 1875.
Algumas de suas realizações no comando de Pernambuco foram a construção do Campo das Princesas, atual Praça da República, o Mercado São José, a conclusão das obras do Teatro Santa Isabel, atingido por um incêndio, diversas estradas foram melhoradas ou construídas durante seu governo, e ainda lançou a pedra fundamental para o Hospital da Tamarineira. Ele ainda criou a Escola Normal, no sentido de expandir o ensino para mulheres no estado, e elaborou uma política de expansão e modernização do parque açucareiro de Pernambuco.
Após deixar o cargo, Lucena ainda foi presidente das províncias da Bahia e do Rio Grande do Sul, até 1878, quando elegeu-se deputado geral em 1886. Já no posto foi eleito presidente da Câmara dos Deputados e comandou a discussão e votação da Lei Áurea, assinada pela regente Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. No mesmo ano, Henrique ganhou da princesa o título de Barão de Lucena.
Já no posto de Barão de Lucena, ele seguiu como deputado geral até 1889, quando o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a república. Ele retornou à magistratura no Rio de Janeiro como juiz da vara dos Feitos da Fazenda Nacional, mas ficou por pouco tempo, quando o Marechal Deodoro o nomeou para o governo de Pernambuco, ficando no posto entre agosto e outubro de 1890.
Em dezembro do mesmo ano é nomeado para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, órgão criado nos moldes da Suprema Corte Americana. Ele ainda assumiu os ministérios da Justiça e da Agricultura, Comércio, Obras e Públicas. Em 28 de fevereiro de 1891, com a instalação do STF assumiu o posto de ministro daquela Corte.
O Barão de Lucena chegou a assumir também o ministério da Fazenda até a renúncia de Deodoro da Fonseca. Com a chegada de Floriano Peixoto à presidência da República, Henrique deixou o ministério da Fazenda e acabou aposentado em 1892 do Supremo Tribunal Federal.
Com sua aposentadoria do STF, recolheu-se à vida privada, mas ainda participou, já idoso, das eleições de 1910 apoiando Dantas Barreto contra Rosa e Silva no pleito que elegeu o primeiro para a presidência de Pernambuco. Em 10 de dezembro de 1913, aos 78 anos, veio a óbito no Rio de Janeiro.
O Barão de Lucena era tio de Epitácio Pessoa, que chegou a ser presidente da República entre 1919 e 1922, e parente de João Pessoa, que foi candidato a vice-presidente em 1929 e sua morte foi o estopim da revolução de 1930.
A vida do Barão de Lucena, que passou pelos três poderes, judiciário, executivo e legislativo, além de altos cargos no nosso país como presidente da Câmara dos Deputados e ministro do Supremo Tribunal Federal, teve grande contribuição para Pernambuco, seu estado natal, e outros estados onde teve a oportunidade de governar, sua existência foi intensa e contribuiu diretamente para os dias que vivemos hoje.