Estudos estimam que pelo menos 30% de todas as crianças autistas possuem, também, epilepsia. E a causa de eles ocorrerem juntos tem diferentes razões: Existem crianças que apresentam tanto o autismo como a epilepsia por terem herdado as duas geneticamente. O autismo está associado a epilepsia em aproximadamente 30% dos casos com evidências sugerindo a mesma neurofisiopatologia.
O mecanismo comum em ambas as doenças ainda não está bem definido e a heterogeneidade dos sintomas clínicos nas crianças com transtorno do espectro autista e epilepsia reforça a importância de uma abordagem que inclui a investigação de etiologias biológicas através de estudos de neuroimagem, dos processos inflamatórios, de genética e neuroquímica.
– Tratamento de Cannabis Medicinal para Epilepsia Infantil
Estudo realizado por pesquisadores do departamento de ciências do cérebro do Imperial College London em 2021, e publicado na BMJ, uma das mais influentes e conceituadas publicações sobre medicina do mundo, revelou que a cannabis medicinal pode reduzir em até 86% a frequência de crises de epilepsia em crianças. Em linhas gerais, a substância exerce influência direta no sistema nervoso central, atuando como modulador da transmissão neurológica. Semelhante à uma substância produzida pelo próprio corpo humano, o canabidiol, conhecido popularmente como CBD, tem potencial de controlar as descargas de neurotransmissores nos neurônios pré-sinápticos e tem o pode ajudar a reduzir crises convulsivas tanto em quantidade quanto em intensidade.
O uso da Cannabis para tratamento de crianças com epilepsia refratária possui alta eficácia nos estudos realizados, mostrando redução de metade das crises convulsivas em cerca de 30% dos pacientes (RAUCCI, 2020), além de efeitos benéficos, como melhora do humor, cognição e atenção. Outro ponto de destaque sobre o uso do canabidiol em relação aos tratamentos convencionais para epilepsia é que ele não sobrecarrega o fígado, não provoca irritabilidade e nem altera o humor do paciente, além de não apresentar outros efeitos colaterais indesejados, como a redução da capacidade de cognição do paciente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje a epilepsia é considerada a doença neurológica crônica mais comum no mundo e afeta cerca de 50 milhões de pessoas.