Por Priscilla Aguiar, g1 PE
No comunicado, a Viacon, em Igarassu, também afirmou que “houve afastamento imediato da gestão local e das pessoas citadas na denúncia” e que, ao final do procedimento, “após concessão da ampla defesa e contraditório a todos os envolvidos, aplicará as medidas disciplinares cabíveis”
Conhecido como “Galego”, ele registrou um Boletim de Ocorrência no dia 6 de maio, na Delegacia de Paulista, no Grande Recife.
O caso foi encaminhado para a Delegacia de Cruz de Rebouças, distrito de Igarassu, onde fica a Viacon, empresa onde Klebson trabalha e que presta serviço para a prefeitura da mesma cidade.
Klebson e a esposa, a cabeleireira Danielly Manuele, de 29 anos, não ficaram satisfeitos com a medida tomada pela Viacon.
“Como vai apurar mais, se tem vídeo, se tem prova? Só suspenderam e isso não é justo. O certo seria que demitissem todos os responsáveis, tanto os dois do vídeo, como o supervisor e o gerente, que sabiam de tudo. Então, não tem como ficar satisfeita com uma situação dessas”, disse Danielly.
Entenda o caso
Klebson Gouveia Silva vinha sofrendo ataques no local de trabalho, desde que os colegas descobriram que ele é casado com uma mulher trans. Ele afirmou que, quando entrou de férias, recebeu o vídeo que circulou pela empresa, no qual dois homens diziam que ele esqueceu um vibrador no local.
Ele conta que não foi a primeira vez que sofreu preconceito no local de trabalho e que o supervisor já tinha sido comunicado do que vinha acontecendo e não fez nada. Segundo Klebson e a esposa, um encarregado da empresa também foi responsável por ataques contra ele.
O casal está junto há quase cinco anos. Danielly disse que, antes do envio do vídeo com o vibrador, os colegas de trabalho do marido descobriram seu nome de batismo e que ela usava antes da transição para mulher trans e passaram a usar para tentar ofender Klebson. Ela também disse que o marido recebeu apelidos homofóbicos e que o vídeo foi “a gota d’água”.
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), de janeiro a abril de 2022, foram registrados 15 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) em Pernambuco com vítimas identificadas como sendo do grupo LGBTQIA+.
No mesmo período de 2021, foram dez vítimas. Segundo a SDS, nenhuma delas foi identificada como sendo pessoa trans.
Apesar de os dados divulgados pela SDS não apontarem nenhuma pessoa trans, em julho de 2021 uma mulher trans foi assassinada com um tiro na Várzea, Zona Oeste do Recife.
Em 18 de junho de 2021, o corpo de outra mulher trans identificada como Kalyndra Selva foi encontrado dentro de casa, no Ipsep, na Zona Sul do Recife. O companheiro dela foi preso pelo crime.
Em janeiro deste ano, uma mulher trans de 34 anos foi morta a tiros no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, quando voltava para casa. Uma mulher trans identificada como Bruna foi assassinada em Lagoa Grande, no Sertão de Pernambuco.
O g1 questionou, nesta segunda, o motivo de esses casos não terem sido registrados pela SDS como assassinatos de pessoas trans e o que será feito para que não ocorra a subnotificação, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.