Comissão de Cidadania discute mortalidade materna na pandemia e enviará relatório ao Governo e MPPE
Debate ocorreu em audiência pública realizada nesta terça-feira (25) de forma virtual
A Comissão de Cidadania da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) promoveu, nesta terça-feira (25), uma audiência pública sobre o aumento da mortalidade materna na pandemia em Pernambuco. A presidente do colegiado, deputada Jô Cavalcanti, do mandato coletivo Juntas, do PSOL, anunciou, no final do encontro, que a Comissão vai formalizar as solicitações colhidas durante a audiência. Um relatório será produzido e entregue ao Governo do Estado e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
Na audiência pública, a Comissão de Cidadania ouviu os palestrantes sobre os efeitos diretos e indiretos da Covid-19 no estado e recebeu informações sobre o aumento do número de óbitos maternos em Pernambuco. Na lista de sugestões colhidas no encontro para o enfrentamento ao problema estão a distribuição de máscaras do tipo N95, garantia de leitos de UTIs, pagamento de renda mínima para as gestantes sem trabalho formal, aceleração das investigações dos casos suspeitos e garantia de acesso ao pré-natal sem interrupção.
Também foi sugerida a realização de uma ampla campanha no estado sobre o risco da Covid para as mulheres gestantes, além de informações sobre os métodos contraceptivos. “É importante a sensibilidade do governo ao olhar para as mulheres nessa situação. São vidas que precisam ser resgatadas pelo Estado. Não queremos mais nenhuma mulher morta”, enfatizou a co- deputada Jô Cavalcanti.
Uma das palestrantes, a médica Leila Katz, representante da Rede Feminista de Ginecologia e Obstetrícia, disse que, ao chegar no Brasil, a pandemia encontrou um local favorável para se alastrar em função dos problemas de saúde já enfrentados pelo país, que vão desde a falta de saneamento básico a dificuldades várias de acesso a atendimento adequado. “Já está demonstrado que a Covid-19 aumenta o risco de morte materna, de complicações, de internamento em leitos de UTI. Mesmo em países ricos isso acontece. Não é só por causa da desestruturação do nosso sistema de saúde e da miséria. É um fator de risco para todos, mas para a gente é muito pior”, afirmou.
Representantes das Secretarias de Saúde do Estado e do município do Recife participaram da audiência pública. Eles apresentaram ações de monitoramento e qualificação de unidades e equipes para o atendimento gestacional. Cleonúsia Vasconcelos, gerente estadual de Atenção à Saúde da Mulher, afirmou que a meta é reduzir o índice de mortalidade materna para 35 a cada 100 mil nascimentos – entre 2016 e 2018 o índice anual estava entre 60 e 64 . Já Marcella Abath, secretária executiva de Vigilância em Saúde do Recife, destacou a importante contribuição que o aplicativo Atende em Casa está dando no sentido de orientar e auxiliar as pessoas vítimas de Covid em PE.